Hoje escrevo - sentado nas cadeiras de ferro e com o bloco apoiado numa mesa redonda de feitio idêntico às cadeiras [ripas de madeira escura e ferro pintado de bordeaux] - da Avenida dos Aliados, virado para o renovado Palácio das Cardosas, agora um luxuoso Hotel Intercontinental. Atrás de mim brilha o granito lívido da Câmara Municipal que ilumina a imponente estátua de Almeida Garrett e os pombos bebem água do novo espelho de água.
[Inspiro a brisa morna]
Medito sobre a cidade onde nasci, que vivi.
Quando era mais novo, na altura em que habitava o primeiro andar do número quarenta e um da Rua da Picaria [por sinal paralela à avenida em que me encontro, logo depois da Rua do Almada] sonhava a cidade com uma vida que não tinha. Julgava-a tão bela, capaz de competir com qualquer outra capital turística [mas não com as grandes cidades, porque essas perdem a identidade, passam a viver os turistas em vez de se viverem a si mesmas]. Olhava os edifícios e as praças, inocente, e de todas as vezes como se fosse a primeira. Mas reparava que cada vez mais se perdia atrás do musgo, que apesar do eclético "ar de antigo", nada podia trazer de bom. O abandono parecia inevitável.
Não sei se por razões políticas, mas quero acreditar que foi vontade da cidade - sim, porque o Porto respira sozinho, sinto-o na cara - a cidade tem vindo a recompor-se, tal como sonhava na Rua da Picaria. Desde a polémica intervenção nesta avenida à vida que as Galerias de Paris proporcionam, uma ribeira que faz jus ao nome do rio que a banha - aviões a cruzar os céus e passar razias à bela Ponte D. Luíz - o Porto enche-me de orgulho...
podia passar a tarde a escrever sobre todas as coisas... mas mesmo com a minha curta e pouco concisa escrita não me chegavam as poucas folhas do bloco
Há sorrisos cravados nas fotografias, há vida nas ruas cheias de gente com sede, não só do vinho, mas da Cidade.
Este é o meu Porto, de partida e de chegada...
belo, Johny.
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